Faz
tempo que eu decidi viver assim. Sem muitas pessoas, sem muitas preocupações.
Pode-se dizer que a culpa foi da decepção. Aprendi a varrer da minha mente e da
minha vida coisas que não fazem mais sentidos depois que conheci um amor a
dois.
Aprendi
a viver no conforto de ter os pés no chão, seja numa sapatilha, pantufa ou
descalço mesmo. Seja no sentido literal ou no figurado da frase. Sei que nunca
vou deixar de ter a mente para o alto, e viajar de uma maneira fértil. Aprendi
a ser realista e mais positiva com as situações da vida. Posso sempre manter os
pés no chão, mas nunca vou deixar de ser esperançosa.
E
em meio à tantos lixos para serem jogados fora, eu aprendi a deixar uma mala
enorme para trás e levar comigo só o que couber numa bolsinha. Porque nesse
caminho, eu descobri o conforto de andar com uma mão livre e a outra agarrada na
mão dele.
Eu
o encontrei e tudo mudou! Agora eu acredito em algo de novo.
Não
tenho certeza se realmente existem mais pessoas assim por aí, nunca conheci,
mas ele era um daqueles homens que não abrem a boca por acaso. E sinto que eu
deveria anotar todas as palavras que ele diz. Cada detalhe importa.
Como
não fala muito, eu gosto de prestar bastante atenção. Olhar atentamente os
lábios se movimentarem para cima e para baixo. Porque talvez aquelas poucas
palavras quisessem dizer mais do que seus significados no dicionário. Sempre
querem.
Aprendi
a viver no conforto dos braços de alguém que me quer bem sempre. Que abre mão
para estar comigo. Que faz meus olhos brilharem toda vez que falo e ouço seu
nome. Que faz a caminhada ser mais tranquila, saudável e bem divertida. Que tem
cheiro de casa. Gosto de chocolate. Tem aquela sensação de ficar na cama em um
sábado de manhã sem pressa de acordar para vida. Um amor cheio de imperfeições,
diferenças e opiniões contrárias, mas com uma paciência sem tamanho. E um tédio
que, na verdade, nunca chega. Tão lindo quanto todos os outros amores do mundo,
mas com a sorte tranquila de ser só meu.
Via: Escritora de Gaveta
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