Pensou
em cada detalhe da sua vida, os caminhos que percorreu, as batalhas que venceu
e todo carinho que teve e ainda tem da sua família. Tudo era leve, tinha casa,
amigos e irmãos que a amparavam em quaisquer situações, mas apesar de todo
acolhimento, se pegou presa num relacionamento abusivo com um desses caras que
se acham os donos do mundo. O dilema de sempre: um machista abusivo que
pisoteava e tentava diminuir o brilho daquela menina encantada.
Por
algum tempo achou que era culpada. Será que fazia algo de errado para
desagradá-lo? No fim, acaba tentando se corrigir e era em vão, continuava
recebendo as mesmas críticas de sempre. A ‘relação’ só piorava e sua estima era
cada vez mais baixa. Aquela menina só ia perdendo sua luz, sua paz, seu carinho
e desejo pela vida. Cada vez mais escondida, as lágrimas dominaram os sorrisos
e a tristeza já era parte do cotidiano.
Foi
na dor que reconheceu o seu valor, resolveu secar e apagar qualquer lágrima,
olhou ao redor e percebeu o quanto a vida era curta e bela para ser
desperdiçada com um babaca qualquer. Terminou, e só assim encontrou a merecida
paixão por si própria. Hoje ela anda por aí, irradiando esse sentimento único e
espalhando para os outros. Aquele velho conhecido de todos, mas que às vezes a
gente acaba se perdendo dele: o tal do amor próprio.
André Ferrari