“A
amizade é um amor que nunca morre.”
Mario
Quintana
A
felicidade de amar, ou o amor como contentamento, está intimamente ligado à
amizade e não poderia ser relativizado, tampouco limitado à paixão ou carência.
Não que a carência, condição que todos experimentamos, com maior ou menor
intensidade, esteja excluída do amor. Tampouco, a paixão, afinal, como garante
Hegel: “Nada de importante neste mundo se
realizou sem paixão”. Ou como disse Nelson Rodrigues: “Sem paixão não dá nem para chupar um picolé”.
Não
há amor feliz enquanto este for ausências particulares, carência. Nem tranquilo
enquanto for apenas paixão. A amizade nos alegra enquanto nos afirma, nos
sacia, nos tranquiliza. Por isto o amor está tão conexo à amizade, porque amo o
que está e não o que desejo; desejar pressupõe falta. Só desejo o que me falta.
A
amizade pode ser mais admirável do que o amor, pois não se pode ter amizade
plena por quem não nos tem amizade, mas pode-se amar, ainda que com algum
sofrimento, quem não nos ama, mesmo que por um tempo determinado. Amar com
amizade é, portanto, a verdadeira equação da alegria. O amor é o laço produzido
entre amigos. Amigos concretos, verdadeiros se frequentam, riem e choram
juntos, se ajudam e vivem uma troca saborosa com todos os elementos que não
encerram definições.
Sem
amigos a vida pode ser muito sem graça; sem amizade o amor pode ser muito
previsível.
Via: Obvious