Eu
sempre tive certeza que a decisão que eu tomei era mesmo a mais acertada. Mas,
às vezes, principalmente no início, eu me pegava me questionando: “E se...?”. E se eu tivesse feito
diferente, e se eu não tivesse demonstrado tanto, e se eu tivesse dividido a
atenção que eu oferecia a você com um outro alguém? E se eu tivesse sido menos
exclusiva, e se eu tivesse te tratado como alguém sem tanta importância pra
mim? E se eu tivesse te amado menos?
Nós
nunca sabemos o impacto que alguém vai causar em nossas vidas até que abrimos a
porta e deixamos aquela pessoa entrar. O fato é que eu quase fechei a porta pra
você. Foi por muito pouco que não te ignorei como forma de finalizar aquele
nosso primeiro contato. Quando você pediu meu telefone, eu tive o impulso de te
excluir, mas ao contrário disso, te ignorei. Fiquei dois dias sem te responder,
eu não sabia o que fazer. Por fim, num impulso, te mandei meu número já
pensando nas desculpas que eu haveria de te dar para te ignorar sem culpa.
A
vida nos surpreende e ela me surpreendeu muito quando causou o nosso encontro.
Não foi no primeiro nem no segundo encontro que eu me apaixonei. Mas desde a
primeira vez que conversamos pessoalmente, eu percebi que ali havia uma mente
pensante e eu sempre me atraí muito por pessoas inteligentes. Ao te conhecer
melhor, sentimentos surgiram. Com o tempo, evoluíram. Me envolvi, relutei, mas
por fim me entreguei e posso dizer que foi um caminho sem volta. Te amar menos
era impensável, ter sido menos exclusiva do que fui não era alternativa pra
mim. Eu nunca me envolvi com mais de uma pessoa simultaneamente. E agora que eu
amava alguém eu iria fazer isso? Esse tipo de jogo não cabia na minha vida. Se
eu te perdesse, que fosse por amar demais e nunca por valorizar de menos. Eu
não estava disposta a errar. Não com você.
Mas
nenhuma relação depende apenas de uma só pessoa. E com o tempo eu fui obrigada
a encarar a verdade: você não queria ser amado, pelo menos não por mim. E amar
alguém que não quer ser amado é mais que arriscado, é atestado de sofrimento.
Apesar de tudo, eu ainda estive disposta a ficar ali. A tentar transpor
barreiras. Mas de onde eu tirava obstáculos, você construía muros. Nós dois não
tínhamos os mesmos objetivos, um dia você disse. E você disse nada menos que a
verdade. Eu terminei aquilo porque não havia caminho mais acertado que o fim.
Por
mais que eu tivesse certeza desta decisão, como eu disse, às vezes me perguntei
se aquilo era o melhor (era o mais certo, mas seria o melhor?). Procurei nas
músicas, nos livros e nos astros resposta para os meus questionamentos. Em vão.
Nada me respondia. Meses se passaram sem que eu encontrasse esclarecimento. Foi
só então que eu percebi que meses se passaram e você se manteve calado. E o seu
silêncio dizia tudo, ele era a resposta que eu procurava. O seu silêncio me
mostrou todos esses dias que eu fiz o certo ao me afastar.