Vivemos
no mundo do papo furado. Pois é, pode até soar meio agressivo começar um texto
com uma verdade tão escancaradamente sincera, mas o fato é que as pessoas desta
geração falam demais e fazem muito menos do que deveriam. O tão esperado “eu te amo”, por exemplo, quase nunca é
justificado por ações a altura do seu nobre significado; as grandes amizades
gritadas aos quatro ventos nas redes sociais desmoronam quando postas à prova,
e a força das pessoas que se dizem autossuficientes caem por terra na primeira
investida da solidão.
Precisamos
de um mundo com menos versos de amor e mais provas de amor; com menos palavras
e mais vontade. Por isso, em vez de textos quilométricos de amores óbvios,
flores que murcham rápido demais, há formas de declararmos nosso amor de uma
maneira menos verbal e, quem sabe, mais crível:
1.
Concessões
Não
existe papo mais furado do que dizer que ama e não abrir mão de nada. Eu te
amo, mas me passa o controle; eu te amo, mas eu não posso ir até a sua casa
porque estou ocupado; eu te amo, mas na minha vida não há espaço pra você neste
momento. Amar é fazer concessões, das pequenas concessões cotidianas às enormes
abdicações de vida. Amar é emprestar o carro, aceitar o animal de estimação do
outro apesar da sua alergia, tolerar temperamentos difíceis, manias estranhas,
desconformidades naturais. O amar além da palavra é basicamente sobre tolerar o
outro.
2.
Respeito à individualidade
Não
existe contraprova mais autêntica de amor do que a tentativa de dominar o
outro. Porque, pela lógica mais simples e, por isso mesmo, mais aceitável, se
você ama o outro como ele é, o mínimo que se espera é que deixe que ele
continue sendo ele mesmo; e isso inclui deixá-lo continuar se comportando da
mesma maneira com seus amigos, indo aos mesmos lugares e se relacionando da
mesma maneira – sem cobranças desnecessárias ou mudanças invasivas. Respeitar a
individualidade do outro vai além da ausência – ou controle – de ciúmes: é
resistir à vontade, confesso, por vezes inevitável, de tentar adequar o outro
às nossas projeções.
3.
Companheirismo
Um
“oi, precisa de algo?” sempre será
mais eficiente do que um “eu te amo”
robótico e facilmente repetível. O amor é se colocar para o outro da maneira
que ele precisar, se importando com seus problemas, suas crises, seus momentos.
Não importa quantos buquês você já comprou e quantas canções já dedicou: não
existe amor quando não se está ao lado.
4.
Sinceridade
Grandes
relações se sustentam à medida em que dão espaço à sinceridade. A mentira
cautelosa – aquela que a gente conta pra não machucar o outro – é um dos mais
nocivos perigos para uma relação. Amores verdadeiros exigem, antes de tudo,
verdade: e isso inclui contar ao outro que você não sente tesão só por ele ou
que hoje prefere só dormir de conchinha. A verdade agrada mais que a mais bem
elaborada mentira.
Via: EOH