As
marcas traduzem-se em status, e há ícones essenciais que revelam quem são as
pessoas, mesmo que nunca se tenha falado com elas: os óculos, as roupas, os
sapatos, a bolsa, o relógio, o celular... Tratam-se de categorias de objetos
que funcionam como uma apresentação e permitem posicionar a pessoa na escala
social. É a clara definição do “quem tem
o quê” porque isso revela “quem tem
quanto”.
É
difícil fugir desse padrão de comportamento - por muito que se deseje ou tente
- e, em certos meios sociais, é quase impossível. Tornou-se um paradigma que
permite reconhecer os outros pelo seu poder aquisitivo, pelo seu status social,
bem ao modo materialista do mundo moderno.
Mas,
na verdade, trata-se de uma falsa questão, porque o dinheiro, as marcas, as
roupas e os objetos, são insuficientes para revelar quem são as pessoas. O que
as separa - realmente - é a discrição, a educação, a generosidade e a distinção.
E estes traços dividem, ainda que grosseiramente, as pessoas em dois grupos: os
deselegantes, que se esforçam por aparecer a qualquer preço, e os elegantes,
que primam pela discrição.
Os
primeiros, os deselegantes, expõem a sua privacidade, invadem a esfera pública
com as suas emoções exageradas e sentem necessidade constante de mostrar as
etiquetas das suas roupas. Gostam de contar o que têm e falar do que compraram
ou vão comprar. Citam muitas marcas e, com frequência, comentam-nas com a pronúncia
errada. Givenchy é difícil para eles. Moschino também. E muitos nem sequer
sabem o que é Fendi.
Mas
afirmam-se pelas marcas, e o seu comportamento é ditado pelo exagero: falam
demais e alto demais, gesticulam demais, mostram demais, abraçam demais, usam
roupas demasiado justas ou curtas e decotes demasiado grandes. Neles, tudo é
excessivo. E estes são apenas os traços visíveis.
O
pior de tudo é o hábito de maltratar os outros - o porteiro, a manicure, o
motorista, o empregado da loja, o garçom, ou qualquer pessoa que os sirva ou
trabalhe para eles. São mal-educados, grosseiros: não dizem obrigado, por
favor, bom dia ou com licença. Sobre isto, o escritor Miguel-Angel Martí García
afirma que “a forma de falar de uma
pessoa diz mais sobre ela do que o seu vestuário”.
Já
os elegantes, são de outra cepa: não expõem marcas, não falam das suas joias ou
dos seus bens, e acham sempre que menos é mais. A discrição é a sua palavra
chave, e neles tudo é comedido, sereno, sem exageros.
Ser
elegante é algo que tem a ver com uma atitude: está muito além de ter dinheiro.
É, fundamentalmente, ter educação. E o melhor traço dos elegantes é o respeito
pelo outro: são generosos, sorriem, são suaves, não insultam e nem maltratam
ninguém.
Alguém
elegante não se imita – porque não basta ter, tem que ser. Ser educado, ser
reservado, ser generoso, ser simples, ser distinto. E ser é algo difícil de
conseguir: faz parte de um refinamento adquirido ao longo de anos, e que se
entranha na pele, tornando-se tão natural quanto respirar. Ser é uma
caraterística que pertence à alma e não ao dinheiro.
Atualmente
as pessoas definem-se cada vez mais pelo dinheiro: há os que têm e os que não
têm. Esta é uma forma simplista de classificar o mundo pelos padrões de consumo
e riqueza. Simplista e, paradoxalmente, pobre.
O
que nos define é a forma como tratamos os outros, porque isso diz tudo de nós.
Não é o que temos, mas o que sai de nós que revela quem somos.
Via: Revista Pazes